Hierarquias de Resíduo Têxtil
Diz-me o que descartas e dir-ti-ei quem és. Antes de leres, sugiro veres o artigo anterior.
Quando colocamos um produto no ROUPÃO (contentor de vestuário), como consumidores não entendemos o VALOR do que estamos a “descartar”. Tal como acontece com o plástico (onde existem 80 tipologias diferentes) para mim um determinado produto têxtil poderá ter valor e para outro mercado poderá não ter.
A forma como descartamos diz muito sobre a forma como olhamos para o produto. O processo de gestão é complexo, porque:
Roupão / contentor de rua: há quem descarte roupa lavada, engomada, pronta a ser usada por terceiros e há quem coloque no mesmo contentor panos húmidos ou sujos.
Take back em loja: O descarte também pode ser feito em serviços integrados de “Take Back” em loja, onde temos duas modalidades. Entregar ao funcionário em mãos (ex: salsa) ou colocar no contentor da loja (zara e H&M). Esta mudança ligeira da forma, muda radicalmente a qualidade do produto entregue!
“Esquecido” em Armazém: Também existe produto que ainda não foi “descartado”, mas que é considerado resíduo. O que fica em armazém porque não foi vendido ou foi devolvido ou tem “erros
Ao analisar os processos de triagem em diferentes partes do mundo, percebo que existe um padrão na “hierarquia” e por sua vez diferentes valorizações.
Como já referi num artigo anterior (aqui) existem 3 tipos de resíduo.
Pós Industrial: Produto não vestível, resíduo da Industria (aparas)
Pré-Consumo: Produto acabado, nunca usado, armazenado em fábrica ou danificado no retalho.
Pós-Consumo: Produto já usado e descartado.
Vamos então conhecer as hierarquias de resíduo.
1.Roupas de primeira qualidade.
Produtos de vestuário premium, de primeira qualidade (inclui inverno e verão).
Destino: Pelo seu alto valor, poderão ser re-vendidos em mercado de segunda mão na Europa. Quanto melhor for o produto, melhor será o seu estado para a longevidade no mercado de segunda mão.
2. Roupas de segunda qualidade.
Resíduo de “segunda qualidade”.
Destino: Pelo seu baixo valor, estas doações não têm “classificação” de roupas para segunda mão (roupas, sapatos, brinquedos, bichos de pelúcia e utensílios domésticos diversos). Acabando muitas vezes exportado para mercados como Libano ou África.
3. Devoluções - Roupa Nova!
Roupas Diversas: roupas, calçados e acessórios novos de marcas reconhecidas (Podem já ter sido usadas ou podem estar sujas)
4. Excesso de stock - Roupas novas em loja ou armazém
Roupas Diversas: roupas, calçados e acessórios novos de marcas reconhecidas (com ou sem etiquetas originais).
Destino: Como já referido neste artigo, estes produtos considerados de pré-consumo são muitas vezes revendidos em outros mercado por atacado / venda por grosso. (Ex: América do Sul)
5. Panos / trapos
Diversas roupas não vestíveis ou trapos / aparas de fábricas. A matéria prima será cortado para panos de limpeza ou triturado para fibras: algodão, lã, naylon, misturas de algodão e misturas de poliéster.
Reflexão
Porque motivo é importante entendermos a origem e tipos de resíduo? porque mais facilmente conseguiremos visualizar onde estão os problemas críticos no modelos de negócio.
É preciso mudar o mindset para uma economia circular. É necessário produzir qualidade, qualidade, qualidade!
Como já visto, a qualidade do produto, impacta na qualidade do resíduo, poderá resultar em revenda, reciclagem, exportação ou até aterro! Será fundamental olharmos para algumas estratégias digitais, focadas na desmaterialização já identificadas neste artigo.
Boas Vendas
Joana