Crédito de Carbono vs Compensação de Carbono
Há uma frase que me marcou: “Ninguém quer ser ZERO”.
Para combater as alterações climáticas, o Parlamento Europeu aprovou a Lei Europeia do Clima, que aumenta a meta da União Europeia (UE) de redução de emissões líquidas de gases com efeito de estufa para, pelo menos, 55% até 2030 e neutralidade climática (net-zero) até 2050.
O que significa ser "Net zero", ou "emissão zero líquida" ?refere-se ao ponto em que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) são equilibradas pela remoção de uma quantidade igual desses gases da atmosfera. Em outras palavras, a quantidade de GEE emitida é igual à quantidade removida, resultando em um balanço líquido de zero emissões.
A Lei do Clima faz parte do Pacto Ecológico Europeu, o roteiro da União Europeia (UE) rumo à neutralidade climática. Para cumprir esta meta climática, a UE lançou um pacote ambicioso de legislação conhecido como “Fit for 55 in 2030” (ou “Objetivo 55” relativo à meta até 2030).
“Sem natureza, não haveria economia, pois grande parte das atividades económicas dependem do que se pode designar como capital natural.”
Segundo Nuno Gaspar de Oliveira, CEO da NBI, precisamos de créditos que carbono que tragam “ADICIONALIDADE ECOLÓGICA”. “Num momento em que o mercado voluntário de carbono enfrenta desafios críticos de reputação e eficácia, a NBI lança um novo princípio que pretende redefinir os padrões de integridade: a Adicionalidade Ecológica. Mais do que compensar emissões, é hora de garantir que cada crédito de carbono gere benefícios reais para a biodiversidade e os ecossistemas.”
Hoje finalmente a Comissão Europeia oficializou os Créditos de Natureza! “Os créditos de carbono ou a redução certificada de emissões (RCE) são certificados emitidos quando ocorre a redução de emissão de gases com efeito estufa (GEE). Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivalente corresponde a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de outros gases também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando o conceito de carbono equivalente/dióxido de carbono equivalente.”
Durante anos, falámos de carbono como a única solução; e agora começamos finalmente a reconhecer que a Natureza é muito mais do que uma tonelada de CO₂.
Sempre achei o conceito de NET ZERO absurda, porque o carbono faz parte da natureza. O carbono é um elemento essencial da natureza e desempenha um papel fundamental em todos os seres vivos, estando presente em diversas formas e ciclos. Uma pastagem, uma floresta, os matos, uma horta, geram carbono. Para além disto a natureza contribui para a natureza e que melhora financeiramente a vida das pessoas.
A Comissão quer reduzir em 90% as emissões de gases de efeito estufa até 2040, em comparação com os níveis de 1990, mas propõe algumas flexibilidades no cálculo. Uma delas é permitir a aquisição de créditos de carbono internacionais para financiar projectos fora da Europa.
A Europa quer recorrer a “créditos da natureza” para colmatar défice de financiamento verde. Os créditos da natureza são vistos como uma forma de alargar o financiamento para a conservação e restauro da natureza.
Os “créditos da natureza” podem permitir às empresas ou países comprar certificados emitidos por agricultores, silvicultores e outros gestores de terras que protegem a natureza, por exemplo: polinização, regulação hídrica, fertilidade do solo, resiliência climática. Tudo isso passa, a partir de agora, a poder gerar CRÉDITOS. Com metodologia. Com rastreabilidade. Com impacto. Como indica a NBI, “não basta contabilizar natureza. É preciso regenerar, conservar, gerir. E é aqui que entram os critérios, que irão fazer a diferença, quer ao contribuir para metas Nature Positive, e não apenas evitar danos, como para garantir adicionalidade ecológica, com benefícios reais, mensuráveis e não redundantes. Chegou o momento de passar da estratégia à ação.”
“Se integrarmos a natureza na agricultura e nos espaços verdes urbanos aumentamos a fertilidade do solo, promovemos polinizadores e controlamos espécies infestantes. Alguns cidadãos podem estranhar as ervas mais altas ou mais bicharada, mas isto significa menos rega e mais biodiversidade”.
Crédito de Carbono VS Compensação Carbónica
O crédito de carbono é como uma moeda verde. Cada crédito representa a redução de uma tonelada de gás carbónico (CO₂) na atmosfera. As empresas podem comprar esses créditos para “compensar” suas emissões e mostrar que estão preocupadas com o meio ambiente. Basicamente, ele funciona como um ativo financeiro: pode ser comprado, vendido e negociado no mercado.
Já a compensação de carbono vai além da compra de créditos. Ela envolve ações concretas para reduzir ou neutralizar emissões de gases de efeito estufa. Podemos plantar árvores, preservar as florestas ou adotar práticas sustentáveis.
Ou seja, enquanto o crédito de carbono é uma transação financeira, a compensação de carbono é uma atitude ativa de proteção ao meio ambiente.
Nunca fui fã da “compensação carbónica”, porque nem sempre significa que as empresas estão realmente empenhadas a resolver o problema de origem. Sinto que muitas empresas querem plantar árvores sem qualquer relação com o seu negócio.
O CEO da NBI convida-nos a olhar de outra forma: “Na minha perspetiva, o que importa é que, quando conservamos, restauramos e gerimos biodiversidade e natureza, sequestramos carbono, é uma regra básica da vida, então, nada como garantir que apostamos em projetos de compensação, restauro ou gestão melhorada que efetivamente melhorem habitats e ecossistemas e podem ser áreas rurais, naturais, florestais, agrícolas e até urbanas, temos tanto para fazer que dá mais trabalho fazer greenwashing do que fazer bem feito, é mesmo uma questão de ética e boas escolhas”.
A Comissão Europeia já está a trabalhar num roteiro para implementar "créditos da natureza" a partir de 2027. Esses instrumentos visam atribuir um valor financeiro à conservação da biodiversidade, um desafio histórico para as marcas na mensuração de seu impacto real.
As atividades económicas geram carbono, é inevitável. Será que o crédito de carbono pode colocar o dinheiro em projetos que realmente fazem a diferença? O crédito de carbono representam um investimento em acções positivas para a natureza. Se queremos gerar impacto temos de pensar em grande. A ambição não é o tamanho, a ambição é o valor. Segundo Nuno Gaspar de Oliveira “O capital natural é sempre maior que zero”.
Boas Férias,
Joana