Mega Trends: 03 Fraude
Esta semana tive oportunidade de ir ao iTechStyle Summit, promovido pelo CITEVE e prestei especial atenção às Mega Tendências. De forma global não trouxeram nenhuma novidade à excepção de três ideias centrais: defesa, talento e fraude. Por isso vou dividir este artigo em 3 partes.
A FRAUDE financeira
Lutz Walt afirmou que a industria de moda está tão fragmentada que a cada passo acresce um valor e o custo e o controlo ficam difíceis de combater. É urgente integrar para termos um custo integrado.
Já o Eurodeputado Paulo Cunha reforçou que “O ótimo é inimigo do bom”, e o excesso de regulação, está a esmagar as empresas europeias e a dar espaço à fraude fiscal que hoje vivemos. Reforçou que o futuro não é reduzir, mas melhorar a qualidade do regulamento.
A importação de produtos da China que integram os De minimis, (encomendas abaixo dos 150€) faz com que não passem pelo controlo da Alfandega e também não pagam IVA. É por isso um mercado desleal.
Sugiro verem a reportagem da SIC: “As Linhas Que Nos Cos(z)e(€)m“ aqui, sobre a invasão comercial da União Europeia e o problema de saúde publica que estes artigos trazem consigo. Não só pelo uso de químicos proibidos nos UE e que efetam diretamente a nossa saúde, como também os problemas ambientais que acarretam no acto do descarte.
Embora a A União Europeia (UE) queira impor uma tarifa mínima de dois euros sobre milhões de encomendas que chegam sobretudo da China, visando empresas como a Shein e a Temu. Chegam 40 aviões por dia a Portugal destas plataformas, por isso Portugal pede ao governo 20€ por cada encomenda que aterra. Já o Brasil, coloca uma percentagem de 20% por cada encomenda, para tentar travar este consumo desmedido.
O eurodeputado, Paulo Cunha, referiu ainda que os relatórios Letta e Draghi apresentam uma visão clara sobre o ponto onde nos encontramos e sobre o que é necessário fazer para que tudo mude. A aposta na indústria, garantiu, é fundamental: “Não podemos ser só um território que comercializa.”
A FRAUDE ambiental
Paulo Cunha destacou: “Hoje, a União Europeia adotou um conceito de sustentabilidade, onde é preciso ver o impacto de uma medida numa determinada área, para que não haja efeitos alavanca”.
Hoje a Europa aceita receber roupas más e impõe esta ideia de fazer "circular roupas” como algo bom. Mas será?
A obrigatoriedade do RAP (responsabilidade alargada do produtor) está a criar um problema ainda maior.
O RAP Francês, líder europeu no tema, está a recolher em massa produto e está a exportar produto numa escala nunca antes vista. Se a ideia é fazer circular produto, eles não está a ser absorvido pelo plateia europeia, ele está a circular para outros países.
Sei que hoje Portugal recebe produto vindo de França e Espanha para triagem e revenda. Chega-nos 2 mil toneladas por dia, com diferentes qualidades. Há perdas de 40% neste processo. 60% do que chega é para ser enviado para Africa e Ásia e 40% é perdido e na sua maioria enterrado.
O produto moda continua a ser um recurso valioso. O segredo está na forma como o cuidamos. Hoje compramos muita roupa, compramos mal e descartamos rápido. Descartamos em sítios que consideramos seguros e continuamos alimentar o monstro da reutilização, que significa revenda para outras partes do mundo.
Lutz reforçou ainda que é por isso urgente olhar para as oportunidades dos novos modelos de negócios que já não precisam das lojas. Mas a roupa em segunda mão, está a ser absorvido pelo cidadão Europeu? Vejamos o caso da “Vinted, que é agora a vendedora de roupa número um em França.”.
Será que o Futuro da segunda mão está precisamente no Consumer to Consumer?
Teoricamente os têxteis descartados devem ser utilizados no seu maior valor, mas esse valor está a ser “capturado” pela segunda mão. Em vez de enviar produto para outros países, fariam sentido mantê-los no seu máximo valor para reciclagem?
Acredito que os modelos de ciclos têxteis, devem promover diferentes rotas de utilização, ilustrando como diferentes opções de processo afetam a qualidade, valor, uso de recursos, custos, tendo sempre em conta os impactos ambientais.
Fica a reflexão.
Joana