A Guerra do Resíduo Têxtil

imagem da Bcome

Em 2022, organizei um Meet the Maker com o tema: “O Lixo é um Novo Luxo”, por isso vi com bons olhos a Chanel avançar com a criação de uma empresa de reciclagem. A nova empresa com nome NEVOLD ("NEVER OLD"), será centrada no desenvolvimento de soluções para o fim de vida de restos têxteis, tecidos não utilizados e produtos não vendidos ou antigos. A Chanel afirma que a sua maior preocupação é a ESCASSEZ DE RECURSOS.

Se para uns o resíduo têxtil é um empecilho, para outros é ouro. Vivemos num mundo paradoxo, porque enquanto que a Suécia recua na recolha seletiva de têxteis (RAP) devido à sua incapacidade de dar resposta a todos os resíduos têxteis recolhidos, já a HUMANA cresce financeiramente com a roupa doada.

Se olharmos para o resíduo como um recurso valioso, podemos estar perante uma “Guerra” — França que o dica.

A tensão entre a Refashion e a Le Relais, dois dos principais intervenientes da fileira de recolha e triagem de têxteis em França, escalou nos últimos dias, dxevido ao futuro da reciclagem no país.

Se por um lado os operadores de resíduos têxteis querem recolher e revender em mercados externos. Já sabemos que na economia circular reutilizar vem antes de reciclar. No entanto, a Le Ralais é responsável por cerca de 70% dos têxteis recolhidos no âmbito da economia social e solidária. O atual modelo da Le Relais assenta, sobretudo, na exportação de vestuário usado para a África Ocidental, um destino cada vez mais saturado devido à concorrência de têxteis provenientes da Ásia.

Se a intenção do ReFashion for reciclar de fibra a fibra (de roupa voltar a fazer roupa), será exigido qualidade do resíduo. No entanto, os operadores de recolha beneficiam financeiramente com o artigo de vestuário de maior qualidade, que acaba por sair do circuito da reciclagem.

Se a escassez de resíduo é o tema central. O futuro passará por vermos capturado este recurso valioso. O problema do futuro pode não ser a escassez pela escassez, mas sim a agitação política e os desafios económicos que vão impactar a indústria das matérias primas, nomeadamente do algodão. Quem ficará com o produto recolhido? é quem paga mais ou quem controla a recolha?

É fundamental diversificar, diversificar e diversificar. Os negócios do futuro não podem ficar reféns de nenhuma matéria prima.

Boas Férias,

Joana

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