França ataca Shein, mas a Shein dá a mão aos franceses

As associações portuguesas de têxteis e vestuário ANIVEC e a ATP assinaram a 16 de Setembro de 2025, juntamente com associações europeias de mais 16 países, uma carta na qual pedem à Comissão Europeia que tome medidas concretas, e rápidas, contra as plataformas asiáticas de comércio eletrónico de moda. As medidas prendem-se com o termino dos De Minimis - permite que encomendas de baixo valor (abaixo de €150).

A Estratégia Oculta: O Fim do De Minimis Força a Shein a Mudar de Pele

Como a ação judicial das 12 federações francesas sublinha, o modelo da Shein foi construído sobre uma base de custos insustentáveis para a concorrência europeia. Uma das principais fontes dessa vantagem é a regra do de minimis da UE, que permite que encomendas de baixo valor (abaixo de €150) entrem no bloco sem taxas alfandegárias e sem IVA! A Comissão Europeia está a apertar o cerco a esta regra e a Shein sabe que os benefícios fiscais tem os dias contados.

O movimento da Shein para se tornar uma plataforma e ter presença física não é um ato de bondade, é uma estratégia de sobrevivência para contornar o problema fiscal e regulatório que a UE está a levantar.

De Marca Online para Hub de Tecnologia

A Shein está a contornar o problema, não como uma marca de roupa, mas como uma plataforma de logística e tecnologia.

O Contra-Ataque Inteligente aconteceu ao anunciar um programa de apoio a marcas e criadores franceses a partir de 2025 e ao fechar parcerias como a da Pimkie, a Shein não está a vender roupa; está a vender a sua própria infraestrutura poderosa. Ela oferece o seu know-how de produção e a sua rede de distribuição global a marcas europeias.

O Ganho: Se o de minimis acabar e as suas margens forem afetadas, a Shein garante uma nova fonte de receita ao atuar como um facilitador tecnológico (um hub) para a concorrência local. Isto transfere o foco da crítica do produto para a tecnologia.

A marca francesa Pimkie optou por associar-se à Shein para a sua atividade digital vendo inúmeros benefícios por chegar a 160 mercados. Até ao final do ano, os produtos Pimkie serão disponibilizados no marketplace da Shein.

Devemos olhar para a Shein como uma marca de roupa ou como uma tecnologia poderosa?

Implementação no Terreno

O avanço para lojas físicas (apesar dos adiamentos reportados em França ) faz parte do mesmo plano de defesa. Ao estabelecer pontos de venda e, potencialmente, centros de distribuição locais, a Shein:

Prepara-se para as Regras: Prepara-se para operar como um retalhista tradicional, mitigando o impacto das tarifas ou impostos que se avizinham.

Construção de Confiança: Tenta construir uma relação física com os consumidores e parceiros, saindo do anonimato da web e dos escândalos.

O irónico de tudo isto é que a abertura de cinco novas lojas da Shein em França foi adiada após consumidores terem considerado os preços praticados numa loja recém-inaugurada em Paris demasiado elevados em comparação com o site.

Apesar de tudo, a Shein está a mudar de pele para “sobreviver” ao cerco regulatório da UE. A pressão europeia (e o fim do de minimis) está a forçar uma transformação de vendedor de roupa para “parceiro local digital”, integrando-se no mercado europeu em vez de o combater de forma desleal.

Fontes Fontes

Joana

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