Revenda de Moda: Da estratégia de crescimento ao Lucro

Segundo o relatório do “The State of Fashion 2026", desenvolvido pelo The Business of Fashion (BoF) em parceria com a McKinsey & Company indica indica que 2026 será "desafiante". E porquê?

A Revenda é uma Estratégia de Crescimento

Como já referi em vários artigos anteriores a segunda mão já não é opcional, é estratégica. Segundo o relatório a revenda está a ganhar força, impulsionada pela procura dos consumidores por valor face aos preços crescentes no mercado primário. Eu própria, antes de comprar em primeira mão, vou sempre verificar se existe algo em segunda mão. O interessante é perceber que quase 60% dos consumidores globais têm intenção de comprar em segunda mão em 2026. Este número é ainda maior na China, ultrapassando os 70%. Os consumidores são motivados pela:

  • acessibilidade (preço),

  • pela procura de artigos únicos,

  • por questões de qualidade/durabilidade e sustentabilidade.

De Marketplaces para Marcas

A revenda, que foi inicialmente dominada por plataformas peer-to-peer (P2P/Vinted), está a entrar numa nova era de programas liderados por retalhistas e marcas.

Embora a maioria dos programas de revenda de marcas ainda esteja em fase inicial, espera-se que estes representem a próxima onda de crescimento ou não. Sei que a COS está contra o ciclo, e prende-se com o facto da Vinted estar a crescer tanto que a marca prefere transferir esse “conhecimento” para estes grandes marketplace.

No entanto, acredito que as marcas que tomam essa decisão podem estar a perder uma grande fatia de conexão. Quem possui presença física e digital, pode trabalhar a confiança do cliente e aumentar a jornada de compra.

Para isso as marcas devem “Aproveitar o Valor” da segunda mão: As marcas devem criar as suas próprias estratégias de revenda para desbloquear novas receitas e reforçar a perceção da marca, nomeadamente atributos como qualidade e durabilidade.

A marca portuguesa Play Up quando criou o seu take back (recolha de vestuário usado), posteriormente criou uma solução de “Resale-as-a-Service (RaaS). Após 1 ano a recolher vestuário, lançou a sua loja em segunda mão. A marca conseguiu desde 2023 recolher mais de 800 peças dos seus clientes, de 9 países aderentes (Portugal, Espanha, Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria, Itália, França e República Checa) e conseguiu revender 570 peças na sua loja de segunda-mão (dados 2023, 2024, 2025).

Esta tendência de recommerce é comprovada pela ThredUp que monitoriza e classifica as marcas de moda e retalhistas que lançam ou mantêm programas de revenda (ou recommerce) dentro dos seus próprios canais de e-commerce. No site Recommerce 100, o objetivo principal é acompanhar a adoção da revenda pelas marcas e o seu potencial impacto na sustentabilidade do planeta.

Os Líderes do Ranking: As marcas com maior número de anúncios de revenda em Outubro de 2025 foram:

  1. Madewell (29.997 anúncios)

  2. American Eagle (23.106 anúncios)

  3. Athleta (23.091 anúncios)

  4. H&M (21.977 anúncios)

A Metodologia usada foi a contagem inclui anúncios geridos pela marca, bem como anúncios de vendedores independentes (modelo peer-to-peer), mas exclui listagens em marketplaces de terceiros (como Vinted, The RealReal, ou o próprio thredup.com).

Conclusão

O Recommerce 100 mostra como as marcas de "primeira mão" estão a integrar a circularidade através dos seus próprios canais de revenda.

Embora a revenda seja o foco principal, é importante referir que o cliente tem de olhar como um benefício do resale. Há clientes que preferem a Vinted em vez da marca, porque têm um benefício financeiro maior, no entanto, em casos como a Play Up, a marca para além de higienizar a roupa, ainda repara, volta a coser as etiquetas e entrega em casa como um produto de primeira mão se tratasse. Esta segurança adicional, acrescenta uma mais valia gigante para o consumidor final.

Isto significa que para além do resale, é fundamental trabalhar os serviços circulares dentro do próprio negócio. Os Modelos Circulare em expansão são a revenda, o aluguer, a reparação e a reconfiguração de peças e a reciclagem, elementos cruciais para a indústria, pois permite desvincular a faturação da produção de peças de primeira mão e por consequência a dependência de matérias-primas.

Bons negócios,

Joana

Vê como ajudei a Play Up a entrar na economia circular.
Vê o
case-study completo aqui.

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